sexta-feira, 18 de abril de 2008

Com nervosismo, Wanessa Camargo estréia show ambicioso em São Paulo

A estréia da turnê da Wanessa Camargo, realizada em São Paulo nesta quinta-feira, foi como toda primeira vez. Incerta, insegura, algumas vezes atrapalhada, pontuada de falhas e tropeços. Mas diante de uma casa cheia e animada, Wanessa segurou a onda e atravessou quase duas horas de apresentação sem cair do salto.

O show começou com meia-hora de atraso enquanto o Citibank Hall ainda respondia com um barulhento alvoroço à aparição de Zezé di Camargo, sua esposa Zilú e o irmão Luciano no camarote. Wanessa largou em alta astral com “Enfeitiçada” cercada por seis músicos, um DJ, um quarteto de cordas e bailarinos, mas logo pisou no freio para, já na segunda canção, investir em uma balada (“Louca”).Ainda nos dez primeiros minutos de show, nova comoção na platéia – era Zezé, o pai zeloso e experiente, aproximando-se da mesa de som para dar instruções aos técnicos. E foi ali que o cantor passou a maior parte da apresentação, com expressões entre o orgulhoso e o preocupado.
Wanessa canta, dança, se encaixa direitinho na coreografia dos bailarinos e não erra o passo. É ela quem assina a direção desse espetáculo, que tem como principal inovação cinco telões de dimensões e definição comparáveis aos melhores palcos internacionais. Os painéis, que durante a apresentação viajam do deserto americano a Cuba, têm muitas vezes um efeito belo, funcionando como um complemento convincente à canção, mas muito facilmente esbarra, em outros momentos, no limite da poluição visual. O show é dividido em três partes. Na primeira, Wanessa vem com um vestido claro que reforça uma imagem de mulher madura e séria estampada nas canções, mas contrasta com as coreografias um tanto tolas demais. E o figurino pobre de seus dançarinos também não se encaixa na riqueza do resto do show.

A segunda parte do espetáculo é a mais bem resolvida. Nela, a banda fica pesada, o show ganha ritmo, a coreografia se torna mais dura e Wanessa vem de roupa preta e botas que sobem até suas coxas. É aqui que entram músicas como “Não To Pronta Pra Perdoar”, “Independente”, “Metade de Mim” e “Tanta Saudade”. Após “Meu Menino”, a cantora deixa o palco para uma nova troca de roupas e deixa os telões exibindo um vídeo sobre problemas ambientais assinado pelo grupo SOS Mata Atlântica. A mensagem é boa, mas quantos prestaram atenção?
A última porção da apresentação é aberta por uma canção de fora do repertório de Wanessa. É com “Open Your Eyes”, hit do grupo irlandês Snow Patrol, que ela volta ao palco cantando em inglês e empunhando uma guitarra. Porém, ao longo da música, todos no palco se perdem e se desencontram e a guitarra não é tocada, ficando apenas como mais um elemento visual.

Os maiores sucessos da carreira de Wanessa aparecem aqui. “O Amor Não Deixa”, “Sem Querer” e “Eu Quero ser o Seu Amor” levam o show ao seu ápice e fazem o público, formado principalmente por jovens adultos, levantar das cadeiras em êxtase, mas alguma coisa havia deixado de funcionar no palco. Em “Não Resisto a Nós Dois”, Wanessa pega novamente a guitarra e fica extremamente confusa e distraída com o instrumento, perdendo com isso a catarse provocada pelo seu maior hit. Com um espetáculo caro e complexo nas mãos, Wanessa Camargo se mostra apenas parcialmente preparada para galgar o posto de diva que tanto deseja. Tecnicamente ela parece estar no ponto, mas ainda falta maturidade e o principal sintoma está na forma como ela se perde na hora de falar com seu público, tentando fingir uma intimidade impossível e incompatível com o cenário. Ao final da apresentação, Wanessa revelou que voltará com a turnê de Total a São Paulo em outubro “para um fim de semana”. É esperar para ver o que alguns meses de estrada farão a este show tão ambicioso.


Fonte e fotos: iG Pop

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